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Arquitetos: Cazú Zegers
- Área: 344 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Marcos Zegers, Daniel Corvillón
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Fabricantes: Jessica Torres, Muebles Master, VEKA
Descrição enviada pela equipe de projeto. Da casa T de Cazú Zegers, projetada em 2009 e construída em 2011 na margem da Laguna de Aculeo, surge uma forma de nomear os projetos, que vem do alfabeto. O alfabeto da palavra poética, e com ele uma série de casas que são a síntese abstrata de uma letra que se torna uma obra. Tem a ver com a criação da realidade através da linguagem. Cada "letra da casa" tem um diálogo único com a paisagem, um diálogo territorial onde o trabalho é uma unidade entre paisagem e arquitetura. A Casa Ye é um pavilhão suspenso sobre uma paisagem arbustiva com uma vista privilegiada do rio Cayumapu e suas terras úmidas, criado após o terremoto de 29 de maio de 1960, em Valdivia. Estas terras úmidas têm uma rica fauna de aves como o cisne endêmico de pescoço preto, e uma densa camada vegetal composta de canas e flores de lótus, entre outras espécies muito características destes territórios.
Uma casa para os finais de semana é o briefing do projeto. A resposta arquitetônica é a criação de três volumes no formato da letra Y, articulados pelo acesso e incorporando as características do briefing. O pavilhão principal, destinado ao casal, é posicionado paralelamente ao rio, depois um segundo volume para receber os filhos e seus amigos, implantado ligeiramente inclinado, para acomodar a largura do terreno e controlar o comprimento da construção. Ambos os pavilhões são articulados através do acesso — uma janela sobre o rio Cayumapu — do qual emerge o terceiro volume arquitetônico, a garagem. O estacionamento é um lugar muito importante para o proprietário da casa, amante de motocicletas, carros e de receber amigos, razão pela qual este espaço é uma extensão do terraço de acesso.
Da garagem emerge uma passarela, que leva à costa onde se encontra a doca com um terraço e uma área para churrasco. Assim, do estacionamento a casa se expande para todo o terreno, para receber amigos ou apenas para o casal. A casa possuía um baixo orçamento, por isso é pensada como um simples volume, e mono material, com a madeira nas paredes e cobertura, uma fuselagem de pinheiro tratada e preparada com algifol preto, que contrasta muito bem com o entorno. No interior, a madeira clara de eucalipto no piso, paredes e forro contrasta com o exterior e dá leveza à moradia.
O volume simples da casa, é discreto sobre a paisagem, de modo que a paisagem seja a protagonista neste diálogo com a arquitetura. O projeto atinge sua complexidade através de uma dupla diagonal de volumes, por um lado as coberturas em diagonal nas extremidades e, por outro lado, as extremidades verticais inclinadas para baixo. Este simples gesto tem sua leitura no interior, dando volumetria e textura ao espaço. O resultado final foi tão gratificante que o projeto criado para uma casa de fim de semana se transformou na casa principal do casal.